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Este blog deve ser tomado como uma "sala de recursos", disponível para professores, pesquisadores e interessados na temática indígena. Nosso objetivo é oferecer subsídios para possibilitar uma abordagem contextualizada e plural da realidade indígena no Brasil.

8 livros para Ensino Fundamental (4º ao 5º ano) da PNLD_2018 que abordam a Temática Indígena

Selecionamos do guia literário da PNLD_2018 (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) algumas obras das quais aparecem a figura indígena como personagem principal ou que o tema tenha como foco a cultura indígena.
ps: As resenhas apresentadas aqui foram copiadas do guia e/ou do site das editoras dos livros.

Livro: A boca da noite
Autoria Cristino Pereira dos Santos (Cristino Wapichana) (autor), Maria da Graça Muniz Lima (Graça Lima) (ilustrador)
Editorial: Menegritti's Gráfica e Editora LTDA - 1 / 2016
Resenha: A obra é um conto infantil em que o narrador, o menino Kupai, conta sua aventura na Laje do Trovão, o lugar mais perigoso da aldeia, e seu encontro com a boca da noite. Com ilustrações integradas ao texto, a obra revela elementos da cultura indígena sem perder o foco na construção literária. Além de conhecer uma lenda de um grupo indígena brasileiro, os estudantes têm a oportunidade de vislumbrar situações infantis de aventura e relações familiares que provavelmente fazem parte das experiências de muitas crianças: o adulto (pai) que vigia, dá sermão e castiga, a mãe (ou outro adulto) que consola na hora do medo, a aventura vivida para a descoberta do mundo. Há a narrativa leve, que valoriza a voz do protagonista – uma criança –, além de momentos de certo humor não simplista. Não há abordagem simplificadora ou superficial, mas elaborada e poética.

Livro: O Guarani em Cordel
Autoria Antonio Clevisson Viana Lima (autor), Luís Matuto (ilustrador)
Editorial: Editora Manole Limitada - 1 / 2014
Resenha: A obra apresenta o clássico da literatura brasileira O Guarani, de José de Alencar, em cordel. A narrativa é adaptada para a estrutura de versos em sextilhas que compõem mais de trezentas estrofes. A obra se configura como importante e necessário encontro desse clássico literário com o estilo cordelista, no qual o poético conteúdo dialoga, perfeitamente, com as ilustrações, criando uma inquestionável ponte entre os formatos literários envolvidos e proporcionando ao público-alvo a oportunidade de contato com o teor da obra original. Quanto à temática, a obra explora aventura, sentimentos e emoções, valores como preconceito e justiça social, concretizado em uma narrativa que dialoga com o horizonte de expectativas do público-alvo. A abordagem do tema utiliza linguagem adequada à faixa etária visada e explora elementos literários de qualidade artística, que não obedecem a convenções ou padrões sociais. Ressalta-se o fato de as ilustrações se apresentarem nas cores preta, vermelha e branca, acentuando-se, assim, nas imagens, o sentido de força e coragem que permeia o texto original.

Livro: Yvy porã porau e o rio de mel
Autoria Ângela Ariadne Hofmann (autor), Daniel Angeli da Costa (ilustrador)
Editorial: Editora Mediação Distribuidora e Livraria Eireli EPP - 2 / 2018
Resenha: Pode a generosidade unir laços e memória? No conto tal questionamento se define em sua leitura. Suas qualidades verbais e visuais provocam encantamento, contemplação e sentimento de resgate bucólico da infância, assim como estimula a polissemia pelos aspetos gráfico-editoriais e sua organização. A história insere leitor no interior de uma aldeia indígena que está passando por grandes dificuldades para sobreviver e constata-se assim a presença de fenômenos aparentemente sobrenaturais, mas que na obra diz respeito ao diálogo íntimo com a natureza. As ilustrações, todas em página dupla, são multicoloridas e traduzem de forma sensível os elementos desta cosmogonia apresentada no texto verbal, ampliando e consolidando a experiência estética dos leitores a que se destina. As ilustrações estão impregnadas de emoção e poesia além de serem fiéis aos costumes desses povos retratando o que vestem, como se adornam e se pintam, a forma de festejar a vida e a bem-aventurança.

Livro: Japîî e jakãmi, uma história de amizade
Autoria Ozias Gloria de Oliveira (Yaguarê Yamâ) (autor), Andrea Ebert Gomes (ilustrador)
Editorial: Dibra Editora e Distribuidora De Livros LTDA - 1 / 2018
Resenha: O livro tem o mundo natural como eixo articulador, à semelhança das lendas indígenas. Embora a obra apresente palavras possivelmente desconhecidas por se tratar de origem indígena, um glossário encontra-se no final do volume, que, além de ampliar o repertório dos leitores, configura-se como palco da ficção por possibilitar o uso das palavras de origem maraguá, dos seus mitos e lendas, bem como da diversidade da fauna brasileira. As ilustrações dão visibilidade para a profusão de cores da natureza e motivos indígenas, bem como a hierarquia entre as aves, permitindo uma imersão. Fortes e vibrantes, as cores mostram a beleza das aves da floresta amazônica. O livro possibilita o reconhecimento dos indígenas enquanto autores e protagonistas, pessoas inseridas no universo da escrita.

Livro: A árvore da vida
Autoria Ronivaldo Mendes da Silva (Roni Wasiry Guará) (autor), Carla Alessandra Teles Irusta (ilustrador)
Editorial: Dibra Editora e Distribuidora de Livros Ltda. - 1 / 2018
Resenha: A árvore da vida é uma lenda indígena brasileira que apresenta a surgimento do poder e conhecimento acerca das plantas medicinais. A história aproxima o leitor do povo maraguá e de sua relação com as árvores, especialmente com o jatobá e seu poder de cura. É uma narrativa de cunho popular, que se utiliza da fantasia ou ficção mesclada com a realidade dos fatos reais e históricos que dão suporte às histórias, tendo como estrutura de enredo a resposta a um problema ou a uma questão. O texto apresentado possui certa qualidade estética e literária, o que contribui para a formação do leitor e para a ampliação de seu repertório linguístico, temático e literário. Além de favorecer o contato com esse gênero de tradição literária, aproxima o leitor da cultura indígena de um povo existente no Brasil e desconhecido por muitos, possibilitando confronto entre diferentes perspectivas ou visões de mundo. Ademais, a obra apresenta-se de modo linguisticamente adequado, sendo utilizado um vocabulário apropriado para abordagem do tema (termos que identificam o povo maraguá e a temática indígena) e a caracterização discursiva apropriada ao gênero lenda (tempo e modo verbal, enredo, ficção dada pelo mágico - por exemplo). As imagens possuem traços simples, cores fortes e apresentam, além dos espaços e fatos narrados (de convivência do povo maraguá), diversas plantas que sugestionam a intrínseca relação do povo com a floresta e com a temática da lenda.

Livro: Preta, parda e pintada
Autoria Helena Maria Gomes (autor), Luciano Tasso Filho (ilustrador)
Editorial: Berlendis Editores LTDA - 2 / 2018
Resenha: A obra é formada por nove 9 recontos recolhidos entre o povo Bororo. As narrativas contam a relação do homem indígena com as plantas e com os bichos da floresta, as origens do mundo, além de histórias que relatam rituais indígenas. Antes de dar início às histórias, há uma apresentação do livro trazendo considerações importantes sobre o gênero conto popular, como a transmissão oral de pai para filho ou de avô para neto, mostrando o cotidiano do ser humano e tematizando questões existenciais como a luta entre o bem e o mal. Há também um comentário sobre os recontos recolhidos na obra: eles foram trazidos por pesquisadores, que chegaram a conviver com os índios Bororo e, por isso, revelam parte de seus costumes e tradições. Após a apresentação constam ilustrações que constituem uma verdadeira narrativa visual, o texto verbal e visual alternam-se, dialogando entre si para narrar histórias fascinantes e com ações surpreendentes prendendo a atenção dos jovens leitores e despertando o gosto pela leitura. É um livro muito bem apresentado, com boas histórias, bem organizadas, em que os aspectos verbais e visuais se complementam, de forma a contribuir para a compreensão do leitor e despertar sua imaginação, favorecendo um diálogo entre diferentes pontos de vista. Possui uma boa adequação temática e um bom projeto gráfico-editorial, abordando temáticas sobre o mundo natural e social.

Livro: Meu lugar no mundo
Autoria Katyucia Sulamy de Souza Raia (Sulamy Katy) (autor), Fernando Vilela de Moura Silva (ilustrador)
Editorial: Maxiprint Editora LTDA - 1 / 2018
Resenha: Meu lugar no mundo é uma autobiografia escrita por uma potiguara, Sulamy Katy, que compartilha não somente sua trajetória entre a aldeia e a cidade grande, em meio aos desafios histórico-culturais que essa experiência lhe proporciona, mas os aspectos da cultura indígena, considerando as especificidades de seu povo. Emprega a linguagem sob sua função poética, a começar pela titulação de boa parte dos capítulos. Neles, além de algumas das principais figuras estilísticas (metáfora e metonímia), registra-se, de igual modo, o uso de aforismo, que evidencia o caráter estético e ético da narrativa, isenta de clichês. A partir das máximas encontradas no texto, e de outros trechos ricos em figuras de linguagem, constata-se a carga polissêmica da obra, cujo nível de compreensibilidade, neste aspecto, adequa-se ao público destinado. As ilustrações que o acompanham traduzem e complementam o sentido expresso no texto verbal. Ainda, visando propiciar a ampliação da visão de mundo do leitor, a narrativa traz um texto visual, composto por meio da técnica da xilogravura. Capa e contracapa, sugerem a ideia de pertença, quando coloca a discussão do lugar ocupado pela autora/narradora em sua comunidade indígena e vice-versa. Já nas primeiras páginas da obra é possível cogitar uma das discussões travadas no relato de vida: distanciamento e aproximação experimentados por todo e qualquer indivíduo em sua trajetória diante do lar/família responsável por forjá-lo. A obra intenciona apresentar a outros grupos étnico-culturais o sistema de crenças e valores dos potiguaras. Enquanto focaliza a própria cultura, compartilhando-a em seu relato autobiográfico, a autora/narradora promove sua reflexão ante a cultura da cidade grande e, nisso, há um grande contributo do livro à consolidação e/ou à ampliação do repertório de temas dos alunos, porque, nele, a existência de diferentes visões e perspectivas de mundo é problematizada.

Livro: Catando piolhos, contando histórias
Autoria Daniel Monteiro Costa (Daniel Munduruku) (autor), Marie Therese Kowalczyk (Maté) (ilustrador)
Editorial: SDS Editora de Livros LTDA - 1 / 2014
Resenha: O livro Catando piolhos é uma narrativa em tom híbrido entre os gêneros conto e memória que trata das recordações de um menino indígena que descreve as tradições de seu povo Mnduruku, as quais lhes foram transmitidas, através das narrativas orais, pelos mais velhos de sua tribo. A obra é composta por oito histórias, sendo algumas delas mitos, lendas dos seres encantados da floresta, e outras, memórias de brincadeiras. As ilustrações da artista Maté contribuem significativamente para o entendimento da obra, tornando os elementos visuais componentes integrais da narrativa. O texto visual e as ilustrações apresentam interação com o texto verbal, contribuindo para a experiência estética do leitor e contém imagens que sugerem múltiplos sentidos e estimulam o imaginário, o que objetiva a experiência estética e literária. A obra contém uma apresentação que contextualiza a obra. O autor apresenta fatos do cotidiano indígena, preparando o leitor para as histórias que serão contadas. O estilo artístico escolhido se inspira na própria estética indígena, o que dá fidedignidade à obra.

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